quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que é Kate Bush? (parte 1)


Vamos falar dela... a talentosíssima, a perfeccionista, a deliciosamente estranha KATE BUSH.



Não vem dizer que você não conhece, porque conhece SIM!!! Olha o vídeo:




Ok, breve história (seria interessante se você fosse lá no fim do post e clicasse no play. Depois volte aqui e leia com carinho):

Kate nasceu em Bexleyheath na Inglaterra, numa família completamente artística: seus pais cantavam e dançavam música do folk irlandês pelos pubs da cidade. Kate é a mais nova de três irmãos: Paddy, além de poeta era artesão de instrumentos musicais e fotógrafo (fez um belíssimo ensaio da menina Kate em sua oficina de instrumentos) e John era lutador de karatê. Desde pequena, Kate foi encorajada no caminho das artes, recebendo aulas de violino aos 6 anos. Mas ela odiava e se revoltou começando a tocar piano (nossa... que delinquente juvenil, não? hehe). Logo após dominar o instrumento, já começou a compor suas canções e poemas musicais.

A família de Kate gravou uma demo com 50 músicas e começou a mandar para gravadoras, e foi recusada diversas vezes. Até esta fita cair nas mãos de Rick Hopper, um amigo da família, que também era amigo de David Gilmour (guitarrista daquela bandinha lá... como chama...? ... Pink Floyd!!). 

David ficou impressionado com o que ouviu e ofereceu seu estúdio para que suas músicas fossem produzidas de forma mais profissional e atrativa para as gravadoras. Naquela época, algumas gravadoras tinham um olhar mais aberto para novidades, afinal... era o auge do rock progressivo. Mas com contrato assinado, foi decidido que Kate deveria se aperfeiçoar e amadurecer como artista antes de lançar um disco (ela tinha 16 anos).

Dois anos depois de muitas gravações, composições, aulas de dança e mímica, shows pequenos em bares com sua já formada Kate Bush Band, foi lançado seu primeiro álbum: 


The Kick Inside (1978). Kate tinha 19 anos e foi catapultada para o sucesso, com a mundialmente conhecida Wuthering Heights. Kate começou a ficar assustada e desgostosa com o sucesso desde o início, pois nunca foi dito que ela mesma que tocava e compunha suas próprias canções, além de ser induzida a posar para fotos promocionais com roupas sensuais que valorizavam suas curvas (particularmente seus seios). The Kick Inside é sensacional, exótico e muito bem produzido. A marca musical registrada de Kate surgiu: sua voz aguda (mas com uma capacidade de graves repentinos e surpreendentes), grande experimentação instrumental e pequenas histórias bizarras. Na música título, uma jovem se mata após saber que está grávida de seu irmão, com quem tem um tórrido romance. Minha preferida é The Saxophone Song, que começa com cantos de baleia e termina com um grande solo de sax e, claro, o hit inigualável Wuthering Heights, baseado no livro O Morro dos Ventos Uivantes. E no vídeo acima, Kate está interpretando a personagem principal... não conto mais, senão vira spoiler, mas faz TOTAL sentido. O livro é ótimo. Faça como Kate e como este blogueiro em questão, leia-o!


Como toda gravadora, a EMI pressionou Kate para lançar outro disco rapidamente, para aproveitar o sucesso do primeiro. Lionheart foi lançado NO MESMO ANO que o primeiro disco. Kate deixou bem claro, em diversas entrevistas que detestou ter lançado um disco às pressas, porque não teve o tempo necessário para se dedicar à produção individual de cada música. MESMO ASSIM... Lionheart foi um sucesso estrondoso, com composições belas e criativas como Wow (um ode ao teatro e aos seus atores); Kashka From Baghdad (um romance homossexual, do qual ela gostaria de fazer parte) e Hammer Horror (uma homenagem ao estúdio Hammer, emblemático do gênero de filmes de horror). Kashka From Baghdad é, de longe, a minha preferida deste disco. Junto com Fullhouse.


A EMI estava realmente disposta a aproveitar tudo que Kate tinha a oferecer e logo em seguida do lançamento de Lionheart, Kate saiu em 1979 na sua única turnê (até a data deste post) "The Tour of Life" que durou seis semanas. A turnê foi extremamente desgastante para Kate, que fez questão de assumir o controle de tudo, desde o recrutamento de funcionários, produção, coreografia, cenografia e figurino. Tal comprometimento fez Kate chegar à beira de um colapso, que culminou com o acidente de um funcionário de palco, que caiu da estrutura e morreu (homenageado na música "Blow Away"). Kate decidiu nunca mais sair em turnê (mudou de ideia em 2014). E neste longo período fez apenas programas de tv e apresentações especiais.




Em 1980, Kate lançou seu terceiro álbum Never For Ever, o primeiro no qual ela assina a co-produção. Este disco assombra por se distanciar sem medo do som característico de seus dois primeiros álbums. Kate testou sua criatividade ao máximo até então, usando e abusando de baterias eletrônicas e sintetizadores (influenciada por seu "brodér" de loucuras Peter Gabriel). O álbum rendeu o sucesso Babooshka, grande hit dos anos 80, e a minha preferida (e de muitos), a rock'n roll insano Violin. Detalhe para a capa, que dá uma pista da bizarrice do disco. Uma série de animais e bestas bizarras saindo debaixo da saia de Kate. Levemente satânica.



Em 1982, Kate atingiu o auge de seu talento e bizarrice com The Dreaming. Ela realmente adorou a liberdade de produzir um álbum e dessa vez ela fez isso sozinha. The Dreaming vai longe: Documenta a guerra do Vietnam em Pull Out The Pin (com backing vocal de David Gilmour), narra o choque com a civilização e o sofrimento dos aborígenes australianos na faixa-título (maravilhosamente bizarra), assume o papel do espírito diabólico do hotel do filme O Iluminado em Get Out Of My House... Neste disco ela tá louca. A foto da capa corresponde a um verso da música Houdini. Houdini era o famoso mágico húngaro que tinha como um de seus principais truques, se desvencilhar de correntes de aço, imerso num tanque de água. Mas na verdade não tinha mágica nenhuma, porque a chave das correntes era passada por sua assistente durante um beijo de despedida antes de Houdini mergulhar.  Bom, não tenho preferida aqui. Este disco inteiro é uma viagem. Mas recomendo The Dreaming, pra ter logo um choque inicial.


Em 1985, lançou seu disco de maior sucesso: Hounds of Love (tomando o lugar de Like A Virgin da Madonna do topo das paradas européias). Devido aos custos milionários de horas de aluguel de estúdio para produzir seu disco anterior, Kate decidiu montar um estúdio na sua casa, e assim, obter ainda mais liberdade na produção de seus discos, além de gastar muito menos.
Hounds of Love foi dividido em duas partes: a primeira com cinco musicas (cinco clássicos!) com grande potencial pop para os padrões americanos, no qual ela foi novamente inserida nas paradas e a segunda, The Ninth Wave, uma jornada de conhecimento, vida e morte, uma mulher perdida no mar. Chocante de tão belo. Falar deste disco rende um post, um blog inteiro... então vou parar por aqui e dizer que as cinco primeiras músicas são imperdíveis, assim como seus videoclips.


Putz... vou ter que dividir o post em duas partes... Este já ficou bíblico... Continuo depois. Leiam, opinem! É importante pra mim! Abraço grande!!!

Ah! Segue lista das músicas indicadas no post. Só clicar e ouvir!!!! =)






10 comentários:

Fe disse...

Na minha opinião, ela precisava saber disso. Não deve existir outra pessoa tão fã dela e que saiba tanto sobre a história e trajetória de vida dela. Acho forte que ela precisava saber desse post, de vc, de tudo isso. Elke eu acho.
Beuju.

Rodrigo disse...

Gostei muito do post, bem biográfico né, hehehe. Pois bem, assim como me apresentou a Tori, que eu amo por sinal, já tentou me apresentar a Kate algumas vezes mas eu não dei muito ibope né... porém depois de ler tudo isso é impossível não baixar todas as músicas recomendadas e degustá-las uma a uma... farei isso... depois te posiciono sobre o que achei... Abraços =)

Vinícius disse...

Realmente só conhecia a Kate por Wuthering Heights, mas depois de ler seu texto vou correndo atrás dessa mulher! hahahahaha. Parabéns, ótima escrita, ótimo assunto.

Davisson disse...

Gosto de Kate Bush porque ela me educou musicalmente, é referência para qualquer artista, amo a maneira teatral e complexa com que ela interpreta suas músicas.
Eu destacaria as seguintes músicas, claro que seguindo o meu gosto pessoal.
Sat In Your Lap - Irônica e cheia símbolos, tantos visuais quanto músicas."Some say that knowledge is something sat in your lap. Some say that knowledge is something that you never have."
Wuthering Heights - Músicas de amor existem aos montes, mas como Wuthering Heights não. Amor não é um sentimento que anda sozinho. "I hated you, I loved you too"
Army Dreamers - Tenho paixão por essa música. Por ser a segunda música da Kate que eu escutei e me apaixonei, por se tratar de uma mãe que questiona os possíveis caminhos que o seu filho poderia ter seguido, caso não tivesse ido para a guerra (entendo guerra como caminhos). "What could he do? Should have been a father.But he never even made it to his twenties. What a waste" Qual a mãe que não projeta sonhos para um filho? Acho que essa música é especial pela relação que eu tenho com a minha mãe. (mães são sagradas!)
Gaelic Song - Definitivamente é uma das minhas músicas favoritas. Me emociona, pela carga emocional com que a Kate interpreta essa música. Essa música tem a força de uma prece. A música é de origem irlandesa, se não me engano é uma homenagem da Kate para a sua mãe. Homenageando suas raízes, Kate também fala de si mesma.
Amigo, poderia ficar horas e horas discutindo Kate com você. Já que ela é um dos elos que nos une. <3

Você ouviu o Director's Cut? Escutou a "nova versão" de The Sensual World?

CHUTA O BALDE disse...

Veja que coisa! Antes de começar a ler, eu abri o meu iTunes e dei play na minha listinha de Kate! hehehehehe (depois só que eu li a sua sugestão)... quando vc comentou de WOW ali encima, eu logo lembrei do clip... =)
Fullhouse... eu super "chupinhei" de vc no finado soulseek :D
Achei ótimo o post Dave! Só que a segunda parte vc precisa prometer ser "menos tiete" (e isso é difícil! hehehehe) num vai também avacalhar, porque eu sei que The Sensual World é o seu "menos" favorito.

Animado com a segunda publicação!

KATE RULES!

tenhodito disse...

Ela nasceu em meio a arte ( de todos os tipos) e isso ajudou muito ela sem quem ela é!
Fica aí a dica pra quem quer ter filhos incríveis que vão fazer a diferença na porra do mundo!
Kate Bush é foda!

tenhodito disse...

mano é a parte 1? Vai ter quantas partes? rs essa mulher é INCRÍVEL!

Kari Detrigiachi disse...

Achei este post fabuloso!
Amo a Kate Bush e nunca vou esquecer o dia em que assisti o vídeo de Wuthering Heights pela primeira vez... foi um momento mágico!

B.Glass disse...

Oi, vi seu comentario na shout la no last, adorei ja li todas as partes, Kate é um ícone da musica pop e alternativa, e o Hounds é simplesmente um classico, assim como varios outros trabalhos dela, mas esse em especial abriu um mundo na minha mente, artisticamente rico e salvou minha vida de uma depressão forte, quer dizer, não ao todo, mas ajudou. adorei a matéria, abçs.

Anônimo disse...

Essa DEUSA DELICIOSA da música pop está voltando !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! :)))))))))))))))))))