quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que é Kate Bush? (parte 2)


Começo esta segunda parte com um trecho interessante de uma entrevista de 1980, que estava assistindo estes dias:

Um repórter perguntou pra Kate como ela lidava com o fato de ser considerada um sex simbol e qual era a imagem que ela queria passar?

Kate simplesmente respondeu que a idéia de ser considerada um sexo simbol era, no mínimo, engraçada. E que ela preferia não ter imagem própria, e sim uma imagem que corresponda à música ou ao trabalho no qual estivesse ligada no momento. Isso explica porque ela parece uma "louca" em Wuthering Heights. Ela era a alma atormentada de Cathy tentando entrar pela janela de Heathcliff.


Ok... Vai até o fim do post, clica no playlist, volte aqui e vamos continuar no ano de...


1986 - a EMI lançou a coletânea The Whole Story, com os singles mais vendidos de Kate e duas faixas inéditas: uma nova versão de Wuthering Heights e Experiment IV. Kate sentiu que Wuthering Heights estava datada e sua voz soava como a de uma menina. Ela estava feliz com a sua voz no momento e resolveu pegar sua música mais famosa e atualizá-la. Confessou que queria ter feito o mesmo com outras músicas, mas faltou tempo, devido ao processo de composição, produção e direção do clip de Experiment IV, sua estréia como diretora. Pessoalmente eu gosto demais da nova versão de Wuthering. Kate realmente caprichou nos vocais e os arranjos estão espetaculares, com direito a um emocionante riff de guitarra no final (possui aquela bateria com reverb, marca registrada dos anos 80.. mas é bela assim mesmo).
Experiment IV é uma música bastante criativa que fala do poder maléfico que a ciência pode ter, quando usada para o mal. Na música, cientistas criam uma arma de destruição em massa utilizando sons e música. O clip foi bem dirigido e Kate aparece com discretas participações.


Em 1989 foi lançado o disco The Sensual World, disco de grande vendagem e sucesso também nos Estados Unidos. A música título foi espetacularmente bem produzida, bastante sensual. A letra foi baseado no último capítulo do livro Ulysses, de James Joyce, que é o único momento narrado por uma mulher (no caso, Molly Bloom, fogosa esposa do protagonista Leopold). Kate não conseguiu os direitos para transcrever partes do livro (só mais tarde), então fez sua própria versão do tesão e imaginação de Molly.
The Sensual World, o disco,  fala de amor. Mas também tem espaço para o auto-conhecimento de Love and Anger, com bateria vibrante e guitarras de David Gilmour, com direito a uma gargalhada de Kate no final. Heads We're Dancing é a história mais bizarra do disco: uma jovem Kate é seduzida numa danceteria e dança de cabeças coladas com um sujeito elegante, que ela descobre na manhã seguinte, enquanto folheia seu jornal, que ele era Adolf Hitler. Uma das minhas preferidas do disco, é The Fog. Belos violinos e bastante sombria. E claro, This Woman's Work, o grande sucesso do disco. A música foi escrita para a trilha do filme Ela Vai Ter Um Bebê, de John Hughes e é realmente linda. Toca no momento em que Kevin Bacon aguarda angustiado na sala de espera do hospital onde sua esposa está num arriscado trabalho de parto e começa a se recordar dos momentos felizes da vida de casado. É arriscado falar, mas acho que esta música registra a interpretação mais rasgada e emocionada de Kate.

Quem tiver interesse, segue a cena abaixo. É linda também. Kevin Bacon sempre foi um grande ator.



Vale ainda destacar a participação do belo trabalho do Trio Bulgarka (um trio vocal feminino da Bulgária) nas músicas Never Be Mine, Rocket's Tail (linda de doer) e Deeper Understanding.


Em 1993, após lançar uma caixa de singles, chamada This Woman's Work e regravar Rocket Man e Candle In The Wind do Elton John, Kate passou por um período turbulento em sua vida pessoal: separação amorosa de seu parceiro de vida e música depois de mais de uma década e lidar com a morte de seu guitarrista e de sua mãe, Hannah. Essas experiências ajudaram a gerar The Red Shoes. Cair na mesmice é inevitável, então terei SIM que dizer que The Red Shoes é um disco muito bom, bastante eclético, produzido cuidadosamente e com um trabalho vocal espetacular. A mídia desmiolada e sedenta por qualquer tipo de notícia que gere repercussão, sempre tentou justificar a ausência de Kate dos veículos de mídia alegando um comportamento estranho, de ermitã. Na verdade, enquanto "some", Kate está fazendo outro disco. Sem a pretensão de ser o melhor disco de todos os tempos, mas sim, de sair exatamente do jeito que ela planeja. E então, surgiu The Red Shoes. O disco contou com diversas participações: o maestro e compositor Michael Kamen (que orquestrou Moments of Pleasure, partindo do piano tocado por Kate), Jeff Beck, Prince (cantando e tocando em Why Should I Love You), Trio Bulgarka, Eric Clapton e Gary Brooker da prog band Procol Harum em And So In Love. Pra mim, a faixa-título é clássica. Linda, dançante, mágica e deve ser ouvida bem alto. Eat The Music, com influências latinas é uma bela surpresa, Constellation Of The Heart e Rubberband Girl são pop-rocks de qualidade. Uma das minhas preferidas é Top Of The City, levemente melancólica, mas com um refrão forte. Que voz, Kate! O disco ainda rendeu músicas que foram usadas como lado B de singles: Home for Christmas e a incrível You Want Alchemy

A criatividade de Kate estava borbulhando e um novo projeto foi iniciado: o filme The Red, The Cross & The Curve. Kate dirigiu este filme, no qual ela interpreta uma dançarina frustrada que recebe sapatos vermelhos de uma bailarina sacana que a fazem dançar sem parar. O vídeo é divertido e utiliza cinco músicas do disco, mas não teve muito sucesso comercial. Todos os clips de divulgação de The Red Shoes são cenas do filme. Kate odiou o resultado final. Vale a pena conferir Kate atuando e dançando. Segue abaixo um trecho do filme, com a música Rubberband Girl.




Depois disso, Kate "sumiu do mapa" e reapareceu em 2001, no Q Music Awards, quando recebeu um prêmio por sua obra e prometeu que voltaria. Eu, particularmente não acreditei. Cantou ainda Confortably Numb do Pink Floyd com a participação de David Gilmour. Daí... sumiu de vez e só apareceu no final de 2005 e foi um choque mundial: Aerial.

Muito se especulou sobre a volta de Kate Bush e como seria seu novo trabalho... e pois bem... Aerial é conceitual, diferente, suave e ... MUITO, MUITO BOM. A voz de Kate mudou. A potência e agudez adquiriram outro aspecto, para combinar com o clima etéreo, altamente climático do album duplo. Este álbum exige sua atenção total e mente e coração abertos para se deixar levar.
O primeiro disco "A Sea of Honey", possui canções individuais, inclusive o single King of The Mountain, que fala sobre as especulações sobre a morte de Elvis Presley, assim como a adoração cega de seus fãs, e rendeu um clip, no mínimo, lindo e bizarro, da forma Kate Bush de ser. A música Pi descreve um homem sensível que é apaixonado por números e pelo cálculo do Pi e no refrão... Kate canta a sequência numérica do cálculo. Bertie é uma declaração de amor para seu filho de forma sensível, sem ser açucarada, com uma voz liiiiiinda acompanhada por arranjos ESPETACULARES. A minha preferida do disco 1, com certeza é How To Be Invisible, na qual Kate descreve uma surreal receita pra ficar ... invisível. E descreve com sensíveis formas sonoras a sensação de ser invisível e de estar na presença misteriosa de alguém invisível.É um progressivo classe A, com um baixo característico, do jeito que eu gosto. Perfeição define.
O disco 2, "A Sky of Honey" é temático, descreve uma jornada desde o começo do dia, passando pelo do pôr-do-sol, a noite até o próximo amanhecer, com direito a imitação de pássaros. Um disco conceitual, que merece ser ouvido, de preferência num momento de calmaria e contemplação. Kate é assim.

Numa antiga revista Showbizz de fevereiro de 2006, a jornalista Ana Maria Bahiana fez uma crítica bem legal sobre o disco. Eu digitalizei. Só clicar AQUI.

E a história da Kate continua, minha gente... continua... 
Abraços! Leiam com carinho, ouçam a playlist e... se puder comentar, eu agradeço! =)






7 comentários:

Cl. disse...

Não sabia do cd whole story e das faixas inéditas, vou procurar, valeu! E Kate falou tão mal do The Red, The Cross & The Curve q não quis mais assistir :/ Vc já viu? Aprovou?
Faça mais postagens, adorei :)

tenhodito disse...

quem é, não precisa forçar, pq simplesmente é, e ela. simplesmente é! FIM #foda

D disse...

Olha, eu acho que vale a pena ver o The Red The Cross and The Curve sim! E sito que você não vai se arrepender também.

Amanda disse...

Cade a parte 1?? Quero leer

Artur Quintanilha disse...

Na real, a música 'King of the Mountain' é sobre Elvis Presley!

D disse...

Ops! Escrevi pensando no Elvis, mas faltou colocar o nome. Falha de edição, rsrs. Valeu o toque!

Fotografia e Afins disse...

Bem, ouvi e vi Kate na adolescência, mas confesso que pouco conhecia dela!!! Valeu pelas informações, Dave!!!