domingo, 19 de agosto de 2012

Grandes Discos: Surrealistic Pillow (1967)


Voltei... depois de um tempão sem tempo e sem computador. 
E vou falar da origem do nome deste blog. O grandioso, poderoso e espetacular disco Surrealistic Pillow, da fantástica banda Jefferson Airplane.
A banda surgiu em 65 em São Francisco e se tornou um dos grandes símbolos do Summer of Love, o surgimento do movimento hippie, a contracultura, os protestos contra a guerra e a exaltação do amor livre. Este período teve grandes festivais, sendo o mais famoso, claro, o Woodstock de 69.

O ano de lançamento deste disco, 1967, foi extremamente frutífero para a música... muita gente linda teve a oportunidade de falar, protestar, compor e fazer todo mundo cantar junto, na maioria das vezes embalados por drogas e desejos de paz e amor... Só pra ter uma idéia.... olhem outros discos que foram lançados neste ano: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - The Beatles; Disraeli Gears - Cream; The Who Sell Out - The Who; Strange Days - The Doors; The Grateful Dead - dos próprios; Between The Buttons - Rolling Stones; Are You Experienced - The Jimi Hendrix Experience... dentre outros.


Surrealistic Pillow é o segundo disco da banda, e marcou a entrada da incrível (e já citada neste blog aqui) cantora Grace Slick. Além de linda, era muito doida e principal responsável pelos dois grandes singles do disco (Somebody to Love e White Rabbit). O disco virou um símbolo de tudo o que rolava naquela época. O clima folk mesclado com o rock psicodélico, letras de cunho libertário, exaltação de brisas e boaventurança. Um retrato musical de um cenário que nunca mais vai se repetir. O nome surgiu graças ao grande e querido Jerry Garcia do Grateful Dead, que após ouvir a primeira fita com as faixas do disco, disse era como deitar num travesseiro surrealista. Eu achei genial. A banda também. 

Acompanhemos faixa a faixa esta obra prima da música, por favor (bota o play lá embaixo, no fim do post, antes de prosseguir):


1 - She Has Funny Cars - pra mim, esta bateria inicial (Spencer Dryden, primeiro disco com a banda, assim como Grace) é um convite para a viagem psicodélica que permeia o disco nos próximo 35 minutos. A ótima harmonia vocal entre Marty Balin, Grace e Paul Kantner funciona maravilhosamente e se estende pelo resto das faixas. É incrivel como um completa o outro e como todos os instrumentistas preenchem todos os espaços de forma tão vibrante. Curto demais, demais esta música. 

2 - Somebody To Love - acho difícil alguém não gostar disso. Grace canta sobre desilusão, como se estivesse dando uma bronca. Aquela bronca que só um amigo de verdade pode dar. É um hino. Pessoalmente acho que nunca vou cansar de ouví-la. Uma música simples, eficiente onde Grace se apresenta para o ouvinte de primeira viagem (ops...viagem?).

Marty Balin
3 - My Best Friend - diz se este disco não é uma viagem no tempo? Dá pra imaginar uma roda de amigos numa colina, violões, marijuanas e muita paz. Quiçá, uma fogueira. Um dos momentos calmos do álbum. Lindo. Gosto como ela ganha força depois da segunda estrofe, com o baixo e guitarra acelerando o ritmo, para depois... voltar à calmaria do início e, em seguida, chamar todos pra dançar. É uma música linda.

4 - Today - posso errar e me contradizer futuramente, mas acho que esta é uma das músicas mais lindas que já ouvi. Nunca uma pandeirola (o tambourine) soou tão linda. Este dedilhados de guitarra são espetaculares e Marty Balin encanta com um vocal emocionado. A bateria que ecoa cria um clima único. A grande balada do disco, de 1967 e da minha vida. 

5 - Comin' Back To Me - Marty Balin provando que não é somente um grande cantor e guitarrista, mas também um ótimo compositor. Reza a lenda que a música surgiu numa pegada só, numa brisa de maconha e foi gravada em seguida. Grande música romântica e noturna (se vocês ligam músicas com momentos do dia como eu, talvez entendam). Deve ter sido tema de muitos casais por aí, e talvez, até hoje, quem sabe.... Não é  das minhas preferidas, mas é ótima. Ah, é a Grace que toca a flauta!

6 - 3/5 Miles In 10 Seconds - momento marcante do disco. Música forte, com aquele bate estaca dançante e os três vocalistas numa só voz chamando as massas para o refrão. Gosto bastante. Na última estrofe existe uma citação à maconha, uma reclamação ao  preço alto que se pagava e ainda o fato de ser vendida por uma criança. Pesado, e real, mas uma grande sacada na composição. Quanto ao nome, parece que foi aleatório. Viagem, gente... viagem.

Grace Slick
7 - D.C.B.A.–25 - uma música linda. O nome é o resultado da junção das cifras da música com o LSD-25. Mais sentido que isso, acho desnecessário tentar encontrar. Foi a única música do disco composta e cantada pelo guitarrista Paul Kantner. Grace incrementa os vocais lindamente. Tô achando meio complicado falar sobre cada música, pra mim este disco ainda soa como uma coisa só. São pequenas obras-primas que se complementam. Vocês sentem isso? Enfim, vamos continuar com...

8 - How Do You Feel - uma das das minhas preferidas do disco...? Não sei. Neste momento, que ouço enquanto escrevo, acho que é. Harmonia linda... flauta temática tocada por Grace linda, cordas lindíssimas, solo vocal de Paul Kantner lindo, com Grace e Marty de fundo no meio da música... É tudo lindo.

9 - Embryonic Journey - peça instrumental acústica ESPETACULAR. O violão aqui é de Jorma Kaukonen, violonista fabuloso. Não chega a ser uma jornada embrionária, mas eu tô tomando chá vermelho de amoras neste momento, e não LSD, hehe. Mas falando sério... eu me emociono demais com este som. Sempre.

10 - White Rabbit - muita calma nessa hora... Esta música merece a sua total atenção. Este é o grande clássico do disco e um grande ponto da história da música. Isso marcou Grace Slick como símbolo de uma época,  e a banda, claro. Embalada por um ritmo de bolero inspirado em Ravel, Grace cita Alice nos País das Maravilhas sob uma ótica impregnada  de LSD e garanto que você nunca mais pensará nesta história da mesma forma de antes. É genial. É clássico. É espetacular. Se quiser acompanhe com a letra clicando aqui.

11 - Plastic Fantastic Lover - muitos dizem que esta música fala de um vibrador (faz sentido), mas na verdade é sobre o aparelho de som de Marty Balin. Quem tem um sabe como é legal. Naquela época era ainda mais legal, porque era bem caro. Amigos se juntava no quarto do felizardo que tinha um soundsystem, com caixas de som potentes para curtir juntos os LPs da época. É uma boa música. Também clássica e fecha o disco com louvor.

Ensaio fotográfico para o disco Surrealistic Pillow.
Gostou? Já é um dos seus discos preferidos? Espero que sim. Ouvindo agora enquanto digito, só consigo repetir: é um dos discos mais incríveis da história do rock.

Comentem, se puderem. Espero voltar logo com outro post. 
Abraços a todos. 
=)


4 comentários:

Fernanto Tuma disse...

Primeiro queria dizer que é sempre maravilhoso ler seus artigos...e mais uma vez tenho que confessar que esse album me surpreendeu...e claro já faz parte do meu modesto Ipod...é um album mágico...estilo que adoro e que me cativa a cada descoberta de bandas que nunca ninguem ouviu...escondidas nesse consumismo idiota de produtos descartáveis...enfim...adorei...li e vou reler...abs e que venha o próximo post....

Fernanto Tuma disse...

Bom mais uma vez me emociono quando leio um post novo...e esse sem dúvida nenhuma me fez novamente experimentar algo novo...e esse álbum é impecável do começo ao fim...essa primeira faixa já deixa claro o que será o álbum...músicas que particularmente adoro e que agora já vai fazer parte do meu modesto ipod...e com certeza vou ouvir com mais calma...detalhes e em uma outra dimensão...e que venha o próximo post....

Fe (claro) disse...

ÃMIGO. #andrealima #oi
Tana oradiá tooali zaressi blógui.
IKI talmi c-guir notu iter? @lindafufu2
siatu aleeza #ublog HA

Ângelo disse...

Dave, como é que se faz pra entrar em contato contigo, cara? Ao ler tuas postagens, eu fico impressionado com o quanto temos em comum. O amor por Tori Amos, Kate bush, , Bjork, Joni Mitchell, Joan Baez; a expectativa pelos filmes do Von Trier; A nostalgia com os jogos de mega drive e super nintendo; Os animes dos anos 90 (Sailor Moon!). Sinto que estou perdendo um grande bff! Haha Voce deveria voltar a postar no blog, pois teus comentários são excelentes.